Sudeste enfrenta déficit de diesel
22 maio 2020
Sudeste enfrenta déficit de diesel
Sudeste enfrenta déficit de diesel
As regiões Sul e Sudeste estão passando de uma situação de excesso de oferta de diesel para um déficit em meio a reduções dos volumes de diesel S10 e S500 entregues a distribuidoras pela Petrobras, movimento que deve continuar até o fim deste mês.
A situação está impulsionando as negociações entre distribuidoras – conhecidas como vendas entre congêneres – uma vez que as ofertas de venda de produto importado nos portos de Santos e Paranaguá seguem a prêmios elevados em relação aos preços praticados no mercado doméstico.
A Refinaria de Paulínia (Replan), com capacidade de processamento de 415.000 b/d e a maior do Brasil, teve parte das operações suspensas e, segundo informações obtidas pela Argus, interrompeu a produção de diesel S10. Além da Replan, outras refinarias do país tiveram parte das operações interrompidas, em função da menor demanda por combustíveis. “Não há refinarias totalmente paradas, apenas algumas unidades que as compõem. Essas unidades serão retomadas à medida que a demanda por combustíveis aumentar, de acordo com o planejamento integrado da Petrobras”, informou a assessoria de imprensa da estatal.
A interrupção também afetou o fornecimento de diesel no Centro-Oeste, uma vez que a base de distribuição Osplan da Petrobras é abastecida pela Replan por meio de um duto.
Nesta semana, a estatal informou um aumento de 8pc nos preços do diesel comercializado nas refinarias, a primeira alta desde 27 de abril. A elevação já era esperada por participantes de mercado, em meio à diminuição das entregas de volumes pré-contratados.
A alta não foi suficiente para favorecer a arbitragem de importação, que seguiu fechada nas últimas semanas. Com os preços do diesel importado pouco atrativos, distribuidoras nacionais optaram por elevar suas compras com a Petrobras em um momento em que a estatal reduzia sua produção.
Distribuidoras que já haviam adotado uma estratégia de diversificação via contratos de longo prazo de produto nacional e importado estão em uma posição mais confortável, podendo até vender parte do seu estoque para outras distribuidoras a um prêmio sobre os preços em vigor nas refinarias da Petrobras. De acordo com participantes de mercado, vendas de diesel entre congêneres na base de distribuição de Paulínia ocorreram em uma faixa entre R$100-R$120/m³ acima dos preços praticados na Replan.
Apetite por importações
A menor quantidade de diesel disponível no mercado doméstico já está levando compradores ao produto importado, principalmente entre as distribuidoras de grande porte. Pelo menos dois navios com origem na costa do Golfo Americano e destino ao Brasil já foram cotados nesta semana.
As atividades de importação devem ainda ser estimuladas pela possibilidade de preços mais atrativos do diesel norte-americano. O escoamento dos altos estoques via exportações a partir do Golfo Americano pode ficar mais interessante caso a Comissão Regulatória Federal de Energia (FERC, na sigla em inglês) aprove uma proposta prevendo multas de até $25 milhões para participantes de mercado que deixem seu produto parado no oleoduto Colonial, que liga a região do Golfo Americano à costa leste dos Estados Unidos. De acordo com a proposta enviada à FERC, as multas podem valer entre 24 de maio e 22 de agosto.
A Colonial Pipeline, empresa responsável pela gestão do oleoduto, alertou que o aumento de combustível armazenado pode causar a desaceleração das operações ou até o fechamento, caso vendedores não tenham um destino para os produtos. (Argus Media)