Petrobras eleva de uma só vez preço da gasolina, diesel e gás de botijão. Altas chegam a 6,32%
06 julho 2021
A Petrobras vai reajustar de uma só vez os preços da gasolina, do diesel e do gás de botijão (GLP) a partir desta terça-feira (6) para as distribuidoras.
No caso da gasolina, o preço médio por litro sobe 6,32%, de R$ 2,53 para R$ 2,69 nas refinarias. Assim, acumula alta de cerca de 46% desde janeiro.
No diesel, o avanço foi de 3,69%, de R$ 2,71 para R$ 2,81 em média por litro. Desde janeiro, a alta acumulada no ano é de 39%.
No GLP, para as distribuidoras, o valor passará a ser de R$ 3,60 por quilo, refletindo um aumento médio de R$ 0,2. É uma alta de 5,8%. No ano, segundo fontes do setor, o preço do gás de botijão acumula alta de 38%.
Esse é o primeiro aumento nos preços da gasolina e do diesel desde que Joaquim Silva e Luna tomou posse como presidente da Petrobras, no dia 19 de abril.
Ele assumiu no lugar de Roberto Castello Branco, que foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro justamente após reajustar os preços em meio a rumores de uma nova greve dos caminhoneiros.
Representantes da categoria na base política do presidente pressionam por um controle dos preços do diesel. Isso implicaria, no entanto, prejuízos para a Petrobras, que tem como política repassar aos preços as oscilações do câmbio e da cotação internacional do petróleo.
Petrobras diz que ‘busca evitar repasse imediato’
Segundo uma fonte do setor, os aumentos refletem o avanço do preço do petróleo no mercado internacional, estoques baixos no Golfo do México e alta no consumo na Ásia por conta do reaquecimento da economia.
Em nota, a estatal disse que “busca evitar o repasse imediato para os preços internos da volatilidade externa causada por eventos conjunturais. Os preços praticados pela Petrobras seguem buscando o equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio, para cima e para baixo”.
Paulo Miranda, presidente da Fecombustíveis, que reúne os postos de abastecimento, disse que a alta já era esperada e o setor vai repassar para o consumidor por não ter “gordura para queimar”.
— Desde que Silva e Luna assumiu ainda não havia tido aumento de preços. Por isso, havia defasagem e o mercado já esperava aumento nos preços dos combustíveis — afirmou Miranda.
Cristiano Costa, analista da J Global Energy, com sede no Texas, disse que o reajuste é reflexo do aumento do preço do petróleo no mercado internacional, que está em alta com a maior demanda no verão nas economias do Hemisfério Norte, que se recuperam com o avanço da vacinação, e da cotação do dólar.
— O verão nos EUA está elevando o consumo de combustível, já que as pessoas estão se locomovendo mais com o avanço da vacinação. Isso pressiona a cotação do barril, que começou o ano em US$ 40 e hoje está na faixa dos US$ 70. Além disso, o preço do dólar vem subindo no Brasil por conta das incertezas políticas. Dessa forma, a Petrobras precisou reajustar os preços, pois precisa manter a paridade, já que está em processo de venda de vários ativos, como as refinarias — analisou Costa.
Segundo ele, a tendência é de preços maiores os próximos meses por causa do aumento da demanda global.
Impacto na inflação
Segundo Guilherme Sousa, economista da Ativa Investimento, mesmo após essa alta na gasolina, ainda existe espaço potencial de nova elevação de até 14% por parte da Petrobras no curto prazo:
— O acréscimo feito pela Petrobras segue em linha com nossas estimativas, pois sempre informamos que as altas para mitigar a defasagem poderiam ser feito de forma fracionada.
Étore Sanchez, também da Ativa, acredita que o reajuste na refinaria afetaria as bombas apenas no terceiro decêndio de julho, com impacto proporcional no IPCA de julho e integral em agosto
Sergio Araujo, presidente da Abicom, associação que reúne os importadores, também diz que ainda há mais espaço para avanço do preço dos combustíveis para que fique em equilíbrio com os praticados no exterior.