Atraso na reforma tributária confunde empresas e ameaça investimentos
01 setembro 2021
A incerteza sobre a segunda etapa da reforma tributária proposta pelo governo pode começar a afetar os planos de investimentos de algumas empresas, dizem economistas e executivos de mercado. Segundo fontes ouvidas pelo portal UOL, as companhias que costumam definir em setembro e outubro o orçamento do próximo ano precisam saber quais regras valerão para impostos em 2022.
Entre os pontos da reforma tributária que estão em aberto e que mais influenciam as decisões de negócios das empresas estão a alíquota do IRPJ (Imposto Sobre a Renda das Pessoas Jurídicas); o fim ou não dos juros sobre capital próprio (JCP); e se haverá cobrança de imposto sobre dividendos, hoje isentos.
Sem a definição desses pontos, executivos de companhias afirmam que estudam segurar novos investimentos ou antecipar distribuição de lucros acumulados até agora.
Como a maioria das grandes empresas têm ações listadas em Bolsa e precisam seguir regras de comunicação que limitam a revelação formal de planos, esses executivos confirmaram que a suspensão ou adiamento de projetos são cogitados mas não puderam dar detalhes.
O presidente-executivo da Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas), Eduardo Lucano, que representa empresas que respondem por 85% dos negócios com ações na Bolsa, também confirmou que a demora na definição da reforma tributária já está impactando projetos das corporações para 2022.
“Claro que a indefinição da reforma tributária afeta a previsibilidade das empresas para o ano que vem e, por tabela, decisões de investimentos. Não sabemos nem sequer qual será alíquota de Imposto de Renda em 2022. Eduardo Lucano.
Indefinições sobre votação da reforma tributária
O governo federal quer realizar a reforma tributária em etapas, mas o processo não está andando, destacam empresários. A primeira etapa, que propôs a unificação de dois tributos -PIS e Cofins- foi apresentada em julho do ano passado e ainda não foi votada.
Mesmo sem essa primeira etapa definida, o ministério da Economia encaminhou ao Congresso no começo de agosto o que seria a segunda etapa da reforma tributária, propondo alterações no Imposto de Renda sobre pessoas físicas (IRPF) e empresas (IRPJ). Essa parte deveria ter ido à votação duas semana atrás, mas travou na Câmara.
E ainda há a terceira etapa da reforma tributária, que deverá envolver a unificação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e desoneração da folha de pagamentos.Para ler esta notícia, clique aqui.