Petrobras pode ampliar refino de combustíveis e reduzir importações, indica estudo do governo
04 abril 2022
A Petrobras e outras refinarias privadas poderiam ampliar a produção nacional de combustíveis para atender à demanda dos consumidores brasileiros no momento em que a necessidade de importação impulsiona os preços na bomba, aponta um estudo elaborado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e obtido pelo jornal Folha de São Paulo.
O aumento no volume processado nas refinarias reduziria a dependência externa do diesel, cuja cobrança nos postos acumula uma alta de 40,54% nos 12 meses até fevereiro de 2022, na esteira da recente alta na cotação do barril de petróleo e do dólar.
Já no caso da gasolina, a intensificação do refino poderia devolver ao Brasil o status de exportador líquido do combustível —o que tenderia a aliviar a pressão sobre os preços.
A necessidade de importar combustíveis para suprir a demanda no mercado interno é um dos fatores usados pela Petrobras para justificar o uso do PPI (paridade de preços de importação) como referência para seus preços de comercialização nas refinarias.
A Petrobras afirma desconhecer o estudo. Segundo a companhia, a utilização das refinarias no mês de março ficou em 91%, com carga máxima nas unidades disponíveis para produção de diesel e gasolina.
Em 11 de março, a companhia anunciou um mega-aumento nos combustíveis, com reajustes de 24,9% no diesel, 18,8% na gasolina e 16,1% no gás de cozinha. A companhia alegou risco de desabastecimento, caso os preços ficassem represados.
O diagnóstico da EPE foi elaborado no momento em que a alta nos preços dos combustíveis traz dor de cabeça ao governo. Pesquisa do Datafolha mostra que 68% dos brasileiros atribuem ao presidente Jair Bolsonaro (PL) responsabilidade pelos aumentos. O chefe do Executivo pretende buscar a reeleição em 2022.
O mega-aumento ampliou o desgaste do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, que acabou sendo demitido por Bolsonaro.
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Autor/Veículo: Folha de S.Paulo